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Magia nas ladeiras de Olinda: O Dragão Vermelho e Amarelo do Eu acho é pouco

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No sábado de Carnaval fomos engolidos pelo Dragão do ‘Eu acho é pouco’, em Olinda. Foi bom entrar no estômago deste ser mitológico que é tão citado em contos tradicionais do mundo inteiro. Senti-me Jonas no ventre da baleia e saí de lá uma nova foliã. Renovada. Com energia triplicada para o restante do Carnaval. Recomendo a experiência.
Vamos procurar as esferas do dragão, esse é o maior mistério que já viiii...
O dragão é o símbolo do bloco e, também, as cores amarelo e vermelho. Não me perguntem ‘o porquê’ disso, pois sou turista na cidade das ladeiras mais famosas do País. Interessada, apenas, em me divertir.

Apesar da inesquecível experiência, o ponto alto do‘Eu acho é pouco’, para mim, foi a descida do Pátio de São Bento, onde a agremiação estava concentrada. Muito calor humano! Uma quantidade impossível de pessoas por metro quadrado. Uma dessas impossibilidades que se tornam possíveis unicamente no Carnaval de Pernambuco. Pra quê se preocupar com a direção? Deixa o fluxo te levar (até porque não dava pra escolher mesmo).

Mas não era um tumulto claustrofóbico. Pelo contrário. Era uma muvuca saudável. Todo mundo junto e misturado, sem medo, sem preconceito, sem distinção e um único objetivo: ser feliz. Uma alegria sufocante. Uma sufocante alegria.
Realizado o sonho de viajar no dragão
Muito gringo querendo pegar carona no nosso pernambuquismo (para sermos politicamente corretos, pois segundo Marília Gabriela, ‘pernambucanidade’, por causa do‘idade’, significaria doença). Chegam com uma meia dúzia de palavras decoradas. Uma delas é ‘coipêruinha’. E o cara da barraquinha nervoso porque não sabia fazer caipirinha. Estava cuidando, apenas, até que o dono voltasse. Mas o gringo não entendia e continuava insistindo ‘coipêruinha’.

Provavelmente o responsável pelo empreendimento estava no meio de alguma multidão, dançando frevo e dando beijo de boca. Isso é Brasil e eu adoro ser brasileira. A parte ruim é que um entre cada quatro empreendimentos, no Brasil, quebra a cada dois anos e, principalmente, que eu fiquei sem minha bebida favorita. Fui a umas trocentas biroscas de drinks comprar uma caipirosca e o responsável nunca estava ou o gelo havia acabado.
Flagra! OVNI coletando informações sobre o dragão
O dragão descansa
Olinda, em período de Carnaval, é feita de pequenos momentos inusitados, como você debater com desconhecidas, na fila do banheiro, sobre igualdade de gênero. Eu apenas estava organizando a ordem das pessoas e de repente surge um papo, ‘não entendo porque essas meninas demoram tanto dentro desses banheiros sujos’. Respondi que era muita urina provocada pela cerveja. Saíram pérolas do tipo: ‘é muito bom ser homem. Deviam inventar um canudinho que direcionasse o jato de xixi da mulher’ e ‘eu acho lindo quando um homem sai de um banheiro feminino’... Nessa hora eu, com um certo espanto, fiz, ‘como assim?’. Responderam ‘um banheiro único para os dois sexos’. Pensei, ‘Sei... a lindeza dessa proposta qual é’.

Para fechar a noite com chave de ouro, comi um delicioso cuscuz com a coxinha da asa da galinha, a graxinha da galinha e um vinagrete no ponto. Perfeito. De comer ajoelhado e pela mórbida quantia de R$ 7,00. Infelizmente não perguntei o nome da cozinheira para indicá-la aos leitores do RecifEstranho e nem sei explicar o endereço, pois, como já disse sou turista em Olinda e Recife e só quero ser feliz nesse Carnaval.
Quando ela explicou a coxinha que ela queria, ganhou o respeito da cozinheira
Raquel Rocha já fez parte do Clube do Dragão.

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