RecifEstranhO que não é tão safado quanto ela, trás para você a batida tecno-brega do ídolo e príncipe do Calypso Kelvis Duran! Vida e obra deste ícone nordestino e recifense, uma das figurinhas mais exóticas da cena brega dos últimos anos.
Pouca gente sabe, mas Kelvis Duran nasceu em Mossoró no Rio Grande do Norte, e lá mesmo iniciou sua carreira artística vencendo um concurso musical chamado “A mais bela voz do oeste potiguar”. O ainda desconhecido Kelvis venceu, além do calor, mais de 200 adversários nesta sua primeira empreitada. Em sua cidade natal ele começou a tocar nas festas locais e com uma famosa banda da cidade... que não sabemos o nome! Provavelmente tocou em muitos botecos, gafieiras, puteiros, postos de gasolina e toda aquela luta que músicos do interior passam.
Sua estrela começou a brilhar mais forte quando se tornou integrante da Banda Flor da Terra. Curiosamente seu irmão Kelps também ingressou na banda junto com ele. O nome Kelps é provavelmente uma corruptela do nome da maior das 3 grandes pirâmides do Egito: Queops, Quefren e Miquerinos. Acho que os mais novos não devem saber, mas é da Flor da Terra o sucesso “Condenada”, que tocava em todos os forrós do sertão, agreste, zona da mata e qualquer lugar do meio da década de 90 que tivesse alguém sentando num tamborete e, consequentemente com as nádegas doendo do couro duro do bode, tocando um forró no Nordeste. Foi o primeiro contato de Kelvis com o sucesso. Curta aí esse clássico do forró eletrônico (ou oxente-music para os mais hipisters).
Pelo final dos anos noventa, por volta de 1998, Kelvis se mudou para a banda “Caviar com Rapadura”, de Fortaleza, outro grande nome do oxente-music. Essa banda sempre investiu no visual vocalista cabeludo para fazer sucesso com as adolescentes, vide que ela também lançou Berg Rabelo para o mundo (Wesley Safadão é mera cópia...). Aí Kelvis conheceu o verdadeiro sucesso e vendeu mais de 300 mil cópias! Um dos grandes sucessos dessa fase foram “Balançando o esqueleto e Lágrimas de crocodilo”.
Aí já com o gostinho da fama e do sucesso Kelvis e seu irmão Kelps fizeram o que a maioria dos vocalistas de oxente music fazem uma hora, saem de sua banda e montam outra (não esqueçam que Michael Jackson também fez isso!). No caso a nova banda foi a K2C, que não encontrei nenhum áudio decente para mostrar aqui. Essa banda durou uns 2 anos e parece que dela surgiu o contato de Kelvis com a região metropolitana do Recife. Nessa mesma época, por volta de 2004, ele inicia sua carreira solo tendo como fonte de inspiração o grande sucesso do momento: Calypso! Ele abraçou o tecnobrega de vez, o que não foi difícil devido a sua origem do oxente music de raiz (se é que existe algo do tipo) e se lançou com o clássico “Estando com ela e pensando em ti”!!!!! Vaaaaaaai!
Essa música explodiu em Recife e deixou o elemento de cabelos longos, sorriso de coringa, maquiagem carregada e roupas extravagantes conhecido nas mais badaladas casas de show da cidade. É o próprio Kelvis quem desenha suas roupas e dizem as lendas que ele se inspira em figuras pops e video-games (ambos provavelmente dos anos 80, é só prestar atenção nas ombreiras... tem horas que ele parece um inimigo do Streets of Rage). Esse visual o deixou famoso na internet depois que virou figurinha carimbada no Não Salvo com seu clipe “Esqueleto”, claramente inspirado no clássico Thriller de Michael Jackson.
Ele conseguiu algo que poucos artistas aqui do trecho consegue, ter um público bem heterogêneo. Tocava tanto nas periferias como nas festas universitárias, lotando os lugares. De sua primeira safra de composições solo, outro grande sucesso foi Perdidos!
Ainda hoje sua agenda é bem cheia e talvez eu (e você) não o veja mais na TV por não assistir mais aos programas do meio-dia. No auge ele tocou em vários programas locais e dizem que até no Gugu e no Faustão... mas aí não vi... só posso falar por Dany Oliveira, Pedro Paulo, Bate Paco Musical, Tarde Legal, Tribuna Show e todos esses da mesma safra.
Apesar de estarmos na era digital é bem complicado encontrar informações sobre ele, já que não possui um site oficial pra contar sua história ou falar de seu acervo. Aparentemente ele só tem 2 CDs solos gravados e praticamente não se encontra nada na internet sobre sua banda K2C. Também não dá pra saber exatamente em que fases da Caviar com Rapadura e Flor da Terra ele participou, o que é uma pena.
Alguns dos outros sucessos dele foram O clone, Brega do Raparigueiro, Agora é Gaia e por aí vai. Com esses títulos das músicas e as que já tocaram fica claro o motivo de seu estilo tecnobrega e também da alcunha O Principe do Calypso! É amor da forma mais sofrida e cheia de tormentos que se pode imaginar.
Pra encerrar a clááássica Perdoa-me, que é repleta de todos os clichês dos bregas antigos e novos!
Rodolfo Nícolas perdeu aquele show de Kelvis no Quintal do Lima...