Quantcast
Channel: .
Viewing all articles
Browse latest Browse all 78

A educação no ônibus e a paladina pré-catraca

$
0
0
Para desgosto e desprazer da minha amada, bem como desconforto da minha coluna, optei por fazer uso do transporte público coletivo como principal meio de locomoção (mas juro a minha morena que assim que minha pós acabar eu tiro a carta de direção para ser motorista dela). Não tenho carro nem pretendo comprar um tão cedo. Até sonho com uma bicicleta que não seja a ergométrica, pena não ter onde guardá-la. Também sou um caroneiro militante.
Foto aleatória retirada do site passpalavra.info
Nota de Marcela. Rodolfo Nícolas tenta me pintar como "carrocrata", mas o principal motivo dele não tirar carta de direção é ter uma motorista bela e fina sempre que precisa, o que é um abuso. Fim da nota da Marcela.

Bem, não pretendo falar agora da culpa do governo ou dos problemas do trânsito, isso é muito cômodo. Todo mundo sabe das baixas de IPI para favorecer montadoras e você que troca de carro de dois em dois anos, das vias públicas feitas para carros de passeio, do desapoio aos ciclistas, a falta de interligação dos meios de transportes, de medidas como o terminal de Xambá, etc.

Na minha visão, um dos grandes inimigos do trânsito do Recife, cidade em que vivo apesar de minha capital ser Salgueiro, é a falta de educação (e não falo de escolaridade) do povo e o despeito pelos coleguinhas. A grande maioria dos usuários do transporte público é mal educada, assim como os motoristas.

Todo dia de manhã eu vou para a parada e torço para que o universo ilumine o motorista e ele não a queime. Às vezes só no terceiro ônibus o universo lembra-se de mim. Nem sempre a culpa é do motorista, essa só é imputada quando ele faz questão de ultrapassar algum ônibus que já está pegando passageiro ou quando é muito difícil brecar devido a alta velocidade ou quando passa direto por saber que “vem outro atrás”... e por aí vai.

Aqui em Recife os próprios passageiros fazer o favor de se boicotar, pois estes ficam abancados antes da roleta, o que dá ao motorista a impressão de que os vários espaços livres pós-catraca estão abarrotados, daí ele passa direto achando que não há lugar. Muitos chegam a se irritar se você não idoso, não gestante ou não merecedor do direito de ficar ali tenta chegar à catraca (pior que se irritam também com os que tem direito de ficar ali).

Um dia perguntei qual o prazer de ficar em pé, ali amontoado, mesmo tendo espaço passando a catraca. Quase fui vaiado e xingado, sendo que o motorista ainda disse que eu deveria caminhar até a outra parada que lá o ônibus estaria vago...

Por esses dias estava a esperar o ônibus bem cedo, bem antes da hora comum já que queria chegar cedo ao trabalho, mas o motor queimou a parada... O próximo parou, só que estava aquele povo ali imóvel, inerte. Uma moça morreu na contramão atrapalhando o tráfego ainda perto da escada de subida do bus. Daí surgiu impávida uma mulher que questionou aquela atitude, ao que ouviu um desdenhoso: - Passe... se der! Furiosa e destemida a dona se largou pra cima da outra e abriu caminho no cotovelo e na ombrada*! Passou por ela e por outros, sumindo rapidinho após a catraca. A franguinha ficou amuada e todo mundo que estava enganchado nos degraus da escada por causa dela pôde passar.

Depois que atravessei a catraca fui me encaminhando para o fundo do ônibus (para que outros pudessem ocupar meu lugar ao subir no veículo) e vi a mulher sentada lá ao fundo. Aquele ônibus agora tinha lei. Torci para que alguém ligasse um som de celular e ela estourasse o bicho no chão por causa do incômodo a tranquilidade da viagem e do complemente do sono matinal.

Rodolfo Nícolas foi afetado por Xambá.

Primeira parte da trilogia do ônibus aqui.

*O RecifEstranhO é um blog pacífico e não estimula nenhuma tipo de violência nos transportes coletivos, exceto em momentos de pura catarse como esse.

Viewing all articles
Browse latest Browse all 78